Por: Gi Ferrante
Eu nunca pensei que parar de beber ia ser uma pauta para mim. Quando o ano começou, não fiz uma lista de resoluções, as únicas coisas que decidi é que queria cortar excessos, sejam eles de ansiedades, gastos inúteis, açúcar, café e álcool. O último porque, de uns tempos pra cá, começou a me fazer muito mal fisicamente.
Álcool nunca foi uma coisa pensada na minha vida. Comecei a sair pras baladas adolescente e a bebida naturalmente foi entrando na rotina. Eu era jovem, saia quarta, quinta, sexta, sábado, e no domingo estava inteira pro almoço de família regado a vinho.
A ideia de parar de beber já passava pela minha cabeça de tempos em tempos. Tenho 31 anos e a minha ressaca chegou naquele nível de parecer doença e durar quase 3 dias, fora que, como já contei aqui antes, sou do esporte e exercício, então beber e seguir com essa vida de atividade física passou a ser incompatível. E olha que hoje em dia eu nem bebo mais muita coisa, um vinho aqui e ali, e no máximo um dry martini em ocasiões muito especiais.
Só que a bebida alcoólica não só é muito aceita, como é muito incentivada. E eu já sou a pessoa que gosta de ficar em casa em silêncio, estar na rua e rodeada de pessoas e barulhos? Só bebendo pra aguentar – ou era o que eu pensava.
Depois de uma viagem de ano novo em que tomei muito vinho, e de um almoço com amigos que saiu totalmente de controle e me fez acordar no dia seguinte às 7h pra beber uma Coca Cola, decidi dar um tempo, que durou até o Carnaval, quando fui pros blocos e bebi bebidas suspeitas. O Carnaval acabou e decidi que estava mesmo melhor sem o álcool.
Não só pela parte física, mas também pela parte mental. Claro, tiveram dias depois do trabalho que pensei num vinho branco geladinho pra relaxar, mas tomei um chá de hortelã e relaxei do mesmo jeito – diria que até mais, já que meu corpo não precisou lidar com as consequências.
Meu maior medo era a socialização, já que o álcool sempre foi essa muleta pra aguentar o rolê. Mas percebi que não muda muita coisa, saí com os amigos normalmente, conversei, ri de bobagens faladas por quem estava bebendo, bebi muitos sucos de tomate e drinks sem álcool e, no dia seguinte, acordei cedo e fui treinar meu jiu-jitsu. Tudo isso depois de sofrer muito por antecipação, achar que não ia me divertir e falar muito sobre esse assunto na terapia.
Aliás, minha terapeuta deu um conselho que peço licença pra compartilhar: sabe quando bebemos pra nos soltar e ficar mais à vontade? Quando você não bebe, pode ficar à vontade igual, porque quem tá bebendo não tá ligando muito pra nada e talvez nem lembre do que foi falado quando acordar.
Se eu vou parar de beber pra sempre? Não.
Essa nunca foi a ideia. Mas, mesmo em pouco tempo, já percebi que a minha relação com a bebida mudou bastante e ficou muito mais consciente. No fim das contas isso foi o mais importante, respeitar o que realmente quero fazer (e evitar as ressacas monstruosas).
Se a relação com a bebida tem sido um assunto pra você também, ou se você ficou curiosa, sugiro alguns conteúdos que falam sobre o assunto:
Esse episódio do Huberman Lab explica o que o álcool faz com o corpo, cérebro e saúde, abordando de como o corpo reage biologicamente a como a bebida impacta outros aspectos como estresse, hormônios e emoções. O único porém é que é todo em english - ouça aqui
O episódio do nosso podcast em que Jana Rosa fala sobre a vida depois de parar de beber. Um clássico - ouça aqui
O especial da Revista Gama para refletir sobre o consumo de álcool - leia aqui
O texto é interessante e incentivador, mas gostaria de ressaltar que, consumir álcool, jamais deveria ser uma muleta para convivência social. O que tenho percebido muito frequentemente é que cada vez mais, as pessoas não conseguem se aproximar/conviver com pessoas (e se orgulham disso), deixando de lado a nossa natureza gregária.
Adorei o texto! Parei de consumir álcool há mais de 1 ano e meio e tive a vida transformada por essa decisão. Inclusive, falo sobre isso no meu perfil no Instagram: https://www.instagram.com/tamirescorreia_/
Fico feliz que esse assunto esteja ganhando mais espaço na internet. É algo que precisa ser colocado em discussão! Falando nisso, deixo aqui uma provocação:
"Se eu vou parar de beber pra sempre? Não."
Pq não?
Obrigada por dar força a esse tema. Beijos!