Por: Gi Ferrante
Se aos 30, as suas amigas não estão conversando sobre submarinos, contas, frustrações e se chegou a hora dos procedimentos tem alguma coisa errada. Ou ao menos é o que diria alguém no Twitter. Mas, reassistindo Sex and the City, esse imaginário do que seria a vida aos 30 e poucos ou muitos anos me pegou muito.
Quando tomei essa decisão, queria apenas aquela meia hora por dia de cabeça vazia antes de dormir, mas acabou virando um estresse já que 1. por que a Carrie simplesmente não fica com o Aidan???? e 2. o que essas mulheres pensam da vida? Eu por muito menos já peguei uma amiga pelos ombros, olhei bem fundo nos olhos dela e disse "garota, pelo amor de deus ouve o que você tá falando". Mas, se qualquer personagem tivesse feito isso com qualquer outra personagem, a série teria apenas 5 minutos.
Devaneios à parte, apesar de ser ótimo gastar com sapatos, reclamar de homens medianos e de relacionamentos que vão de mal a pior, a tal vida adulta é muito mais complexa.
Quando era adolescente, achava que aos 18 já me sentiria gente grande e saberia muito bem o que seria da minha vida. Com 18, entendi que não era bem assim e que esse plano ambicioso da vida adulta bem resolvida ficaria mais pra frente. Lá pelos 25 comecei a desconfiar que na verdade ninguém sabia muito bem o que tava rolando e tava todo mundo meio que fingindo e que talvez eu tivesse que esperar pelos 30 pra ter algum tipo de resposta.
Uma pandemia e um retorno de saturno depois, sei que sou uma adulta funcional (como vegetais e frutas todos os dias, trabalho e pago contas, sei o nome do feirante da barraca de frutas e quando cai a restituição do imposto de renda), mas constantemente me pego dizendo em voz alta "como eu vim parar aqui, eu só tenho 6 anos" e buscando respostas em sessões de terapia e de tarot.
Quando tinha 18 e pensava na Carrie ficava UAU, ela é o epítome da mulher adulta que deu certo. Hoje eu penso hum, tadinha, ela precisava muito mesmo de um contador e uma amiga com a cabeça no lugar. Mas é claro que alguém que deixa o Aidan pra ficar correndo atrás do Big tem algum tipo de questão.
O que não é um problema, eu também tenho as minhas.
Talvez tudo isso seja também uma coisa geracional. Os boomers adoram apontar o dedo e dizer que essa geração deu errado, que é só parar de comer avocado toast e beber coado de domingo que vai sim dar pra comprar uma casa e um carro. Mas, consciente da bolha em que estou inserida, a gente sabe que não é bem por aí.
Nenhuma amiga vai chegar com um anel de noivado que ganhou de um milionário para que você possa quitar as dívidas e dar entrada num apartamento enquanto você comemora bebericando um Cosmopolitan. Se isso aconteceu, você deu muita sorte mesmo.
Mas essa é uma pira que não precisa ir muito longe, não vou entrar nos méritos e defeitos da série, afinal os anos 90 eram outro mundo. E com certeza daqui uns anos as pessoas vão achar as 30+ de 2023 todas erradas também. Inclusive, em qualquer conversa banal com as pessoas mais jovens da nossa equipe, já dá pra perceber o abismo de como lidamos com assuntos cotidianos ou inusitados e, se você ainda não se sentiu uma tia ao conversar com uma pessoa de 18 anos, a sua hora vai chegar.
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E eu aqui beirando os 40 olhando pra galera de trinta e rindo de saudade e do caos que é essa idade e as pressões que as cercam
Lá vem ele, novamente, o mito da estabilidade na vida adulta, rachando mais uma vez diante dos nossos olhos. Isso me lembra uma das reflexões do livro "Enfim 30", aquela sensação de que algo deu errado, mas na verdade são apenas os efeitos de ter projetado para os 30 anos o mesmo modelo de sucesso da vida da Gisele Bündchen kkkkk