Por que junho é o Mês Internacional do Orgulho?
antes que junho acabe, é importante lembrar o significado do mês 🌈
Antes que junho acabe, é importante lembrar o significado do Mês do Orgulho, reconhecido internacionalmente como o momento dedicado à luta contra a homofobia, transfobia e outros preconceitos que atingem a comunidade LGBTQIA+ 🌈
Tudo começou no dia 28 de junho de 1969, em Nova York. Naquela noite, uma batida policial no Stonewall Inn — um bar gay West Village frequentado principalmente por pessoas pobres, negras e latinas — desencadeou uma revolta histórica de 6 dias de conflitos. Diferente das incontáveis outras vezes em que a polícia invadiu o local (humilhando, agredindo e prendendo frequentadores), naquele dia a reação foi diferente: a comunidade resistiu.
A história do bar:
O famoso bar foi inaugurado em 1930, mas só se tornou um ponto de encontro do público gay quando mafiosos o reabriram em 1967, enxergando na comunidade um mercado ainda pouco explorado. Por não ter licença para vender álcool, o estabelecimento era alvo de batidas policiais frequentes e invasivas, que os donos tentavam apaziguar com subornos — quase sempre ineficazes.
Diferentemente de outros locais que também recebiam o público LGBT na cidade, ali a maioria dos frequentadores eram jovens da periferia, pessoas em situação de rua — muitos expulsos de casa por conta do preconceito — negros, travestis, pessoas trans e drag queens.
Naquela época, as leis do estado de Nova York autorizavam abordagens violentas e prisões arbitrárias. Uma das práticas mais comuns era a exigência de que cada pessoa usasse, no mínimo, três peças de roupa consideradas “adequadas ao seu gênero biológico”. Caso contrário, a prisão era imediata.
Na noite da revolta, nove policiais invadiram o local sob a justificativa de que a venda de bebidas alcoólicas era ilegal, prenderam funcionários e iniciaram uma série de agressões, direcionadas principalmente a travestis e drag queens, pessoas que não estariam com roupas "adequadas". Ao todo, treze pessoas foram detidas.
Centenas de jovens passaram a se reunir em frente ao Stonewall Inn, protestando, ocupando o espaço público e assumindo uma posição de enfrentamento. A visibilidade dessas manifestações foi inédita e acabou inspirando e mobilizando uma nova geração de jovens queer e trans.
Nas semanas seguintes, a comunidade local se mobilizou e criou a Frente de Libertação Gay (GLF). Em dezembro do mesmo ano, surgiu a Aliança de Ativistas Gays (GAA).
Um ano depois…
Em junho de 1970, no aniversário de um ano da Revolta de Stonewall, foi realizada a primeira Parada do Orgulho em Nova York. O movimento rapidamente ganhou força: no mesmo ano, cidades como Los Angeles e Chicago também organizaram suas próprias manifestações.
Nos anos seguintes, outras cidades dos Estados Unidos e do exterior — incluindo São Paulo, em 1997 — passaram a ter suas Paradas. Desde então, junho se consolidou como o mês oficial das Paradas do Orgulho LGBTQIA+ ao redor do mundo.
Pelo mundo…
Segundo um levantamento da Human Trust Dignity, 64 países membros ou observadores da ONU criminalizam relações sexuais de pessoas do mesmo sexo. Entre eles estão Arábia Saudita, Brunei, Iêmen, Irã, Mauritânia e Nigéria. Na Rússia, o "movimento LGBT" foi adicionado a uma lista de organizações extremistas e terroristas pelo governo Putin.
No Brasil
Em maio de 2011, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4277, equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres — reconhecendo, assim, a união homoafetiva como uma entidade familiar. Em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Resolução nº 175, passou a obrigar todos os Cartórios de Registro Civil do país a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Em 2015, a Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Os 13 estados que ainda o proibiam não poderiam mais barrar os casamentos entre homossexuais, que passaram a ser legalizados em todos os 50 estados americanos. A decisão veio por cinco votos contra quatro.
Pra ficar de olho…
Há uma narrativa perigosa que tenta colocar diferentes ideologias e posições políticas como “equivalentes” quando o assunto são os direitos LGBTQIA+. Mas a história e os fatos mostram o contrário. Entre os dois campos, existe uma divergência profunda sobre como enfrentar desigualdades estruturais, qual deve ser o papel do Estado e como os direitos básicos devem (ou não) ser reconhecidos.
E não é só em junho que precisamos estar atentos. A defesa dos direitos LGBTQIA+ é uma luta que exige vigilância o ano inteiro.
Políticas e projetos de lei que buscam restringir direitos básicos avançaram no Congresso Nacional — quase sempre liderados por grupos conservadores e fundamentalistas. Ano passado, a Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara aprovou um projeto que tenta proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O parecer recebeu 12 votos favoráveis e apenas 5 contrários. O relator? Um deputado da base da extrema-direita.

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Direitos, que pareciam garantidos, estão sendo sistematicamente colocados em risco. Na Itália, o governo de Giorgia Meloni anulou certidões de nascimento de crianças com duas mães e proibiu o registro de filhos de casais homoafetivos. Em várias partes da Europa, demonstrações públicas de afeto entre pessoas LGBTQIA+ voltaram a ser motivo de medo, repressão e violência.
Diante do avanço conservador, a importância de vozes públicas e influentes se torna ainda mais evidente. Figuras como Pabllo Vittar, Madonna, Liniker, Lady Gaga, Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Urias, Lil Nas X entre outres artistas da cultura pop, historicamente não se limitaram a gestos simbólicos. Elas usaram (e continuam usando) suas plataformas para denunciar injustiças, mobilizar a opinião pública e pressionar por mudanças reais.
Não se posicionar é um grande posicionamento.