Dor de cabeça, mãos trêmulas, pernas inquietas, falta de concentração, ficar girando na cama sem conseguir dormir. Pode ser ansiedade, mas também pode ser culpa do café.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás apenas da água. Mas será que esse alto consumo pode trazer males à saúde? Conversamos com a endocrinologista Bruna Pessoa e esclarecemos algumas dúvidas sobre esse consumo que faz parte dos nossos dias.
Para começar, uma notícia boa. Segundo Bruna, os estudos mais recentes sobre o café mostram benefícios como redução do estresse oxidativo, melhora da microbiota intestinal, redução no risco de alguns tipos de cânceres e menor risco de fibrose hepática.
A bebida também traz antioxidantes, vitaminas e minerais, além, é claro, da cafeína, a responsável por reduzir momentaneamente a sensação de cansaço, aumentar a concentração e ter um efeito diurético.
No metabolismo, alguns estudos sugerem que o café ajuda a aumentar o gasto energético, sendo um excelente pré-treino. "Porém, deve-se ter muita cautela com essa informação, uma vez que várias bebidas contendo café podem também ser ricas em outros ingredientes de alto teor calórico. Os estudos que mostram esses feitos foram realizados com café puro", destaca Bruna.
Mas exagerar no café pode não ser tão bom assim, trazendo sintomas como insônia, nervosismo, agitação, ansiedade e aumento da pressão arterial. "O consumo máximo recomendado para adultos, que não estão gestando e amamentando, é de 400mg (em média, quatro xícaras de café). Enquanto para pessoas gestantes ou lactantes, o máximo recomendado é a metade, ou seja, 200mg por dia", explica Bruna, destacando que é importante ter em mente as respostas individuais à cafeína, já que algumas pessoas vão sofrer dos sintomas citados mesmo consumindo doses menores.
Também é importante levar em conta o método de preparo: café espresso tem maior concentração de cafeína do que o café coado, e que a cafeína também está presente em outros alimentos como chás, refrigerantes e chocolates.
Se você está lendo isso e pensando "nem sinto mais os efeitos no meu corpo, já estou acostumada", isso pode ser um sinal de que está exagerando na dose.
Mas existe ser viciada em café? "Pensando em vício como termo médico, que significa uma condição crônica envolvendo compulsão por uma substância ou um comportamento, a resposta seria não. Porém, a ausência de consumo da cafeína após um período de uso frequente, pode sim, levar a sintomas como: dor de cabeça, cansaço, redução da atenção e até mesmo sintomas depressivos. Geralmente essas queixas são mais importantes nos dois primeiros dias após parar de consumir cafeína, mas somem em até 10 dias", esclarece ela.
Em relação ao impacto do café no sono, Bruna explica que a cafeína tem duração de cerca de quatro horas após o seu consumo, por isso é importante respeitar esse intervalo entre a última xícara do dia e o seu horário de dormir, "uma vez que a cafeína tem a capacidade de aumentar o tempo a iniciar o sono efetivamente, e também pode reduzir a qualidade de sono. Vale lembrar que alguns medicamentos, como anticoncepcionais orais e antidepressivos, podem interferir na metabolização da cafeína e prolongar esse tempo de ação".
Informações anotadas? Bom cafézinho pra você!
gente não é o café coado que possui mais cafeina?